Pois é. Decidimos ser Doctors on FIRE porque toda a nossa existência nas redes sociais surgiu por causa deste conceito que mudou as nossas vidas. Ou pelo menos uma parte importante da nossa vida que, inevitavelmente, muda as restantes. Vamos por partes e perceber primeiro o que é o FIRE.
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Toggleo que é o FIRE?
O FIRE – Financial Independence, Retire Early – é um conceito/movimento/estilo de vida que, de uma maneira muito simplista, assenta em controlar/reduzir as despesas, poupar o máximo possível (e não o que sobra) e investir dinheiro para que este seja rentabilizado e se multiplique.
Os pressupostos são criar um plano, trabalhar uma boa higiene financeira e adquirir conhecimento sobre como investir de forma simples e inteligente.
O objetivo é a acumulação de património suficiente para que, deixando de trabalhar muito antes da idade convencional da reforma, consigamos pagar as nossas despesas e mesmo assim nunca ficar sem capital – atingindo, assim, a independência financeira.
Obviamente que cada pessoa ajustará a definição de FIRE à sua realidade:
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- Há quem esteja muito determinado a reformar-se a muito curto prazo e deixar definitivamente de trabalhar e portanto terá de conseguir taxas de poupança elevadíssimas, havendo lugar, em alguns casos, a um consumo do estritamente necessário, sem luxos ou distrações, e com controlo muito apertado das despesas;
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- Há quem aproveite os pressupostos do FIRE para garantir que no futuro não muito longínquo pode abrandar o seu ritmo de trabalho ou trabalhar apenas naquilo que lhe dá mais prazer, ainda que com rendimentos menores, usufruindo de rendimentos passivos provenientes dos investimentos para um complemento no final do mês;
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- E entre esses há todo um espectro de escolhas porque não há duas vidas iguais e cada um define o seu objetivo de acordo com os valores de rendimentos mensais, e fará a gestão que fizer sentido para si – existem inclusivamente várias adaptações ao FIRE tradicional que poderemos vir a falar noutra publicação mas fiquem já a saber que o nosso é o FIRE Barista 😀
então isto é tudo por causa de dinheiro?
Sim e não.
Antes de sequer sonharmos com o FIRE havia um certo descontrolo emocional em relação ao trinómio trabalho-tempo-dinheiro.
Apesar de termos sido sempre muito controlados em relação às finanças e de considerarmos que a nossa gestão era minimamente saudável, a verdade é que aquilo que ganhávamos tinha sempre um objetivo de curto-médio prazo.
Guardávamos uma parte em contas bancárias que nos davam zero rentabilidade apenas com o objetivo de “viajar”, “comprar um carro”, “avarias e contratempos”, “se tivermos alguma doença” … enfim, tudo coisas muito específicas e inespecíficas ao mesmo tempo. Afinal todos os meses recebemos ordenado, para quê planear e assegurar o futuro?
O tempo é um bem muito escasso e, se os rendimentos que entram nesta casa provêm só da Medicina, então significa que vendemos sempre o nosso tempo em troca de dinheiro! E se quisermos fazer alguma renda extra nessa área, então mais horas das nossas vidas terão de ser vendidas. Tudo muito bem quando temos 30, 40 ou até 50 anos. Mas então e depois? Vamos continuar nesta roda viva até quando? As despesas não se pagam sozinhas.
Aliado a isto, temos ainda o problema da reforma em si. Ao chegarmos aos inconstantes e tendencialmente crescentes 65 anos de início da reforma, será que a Segurança Social estará apta a nos pagar o merecido descanso? OU será que vamos levar para casa apenas 20, 30 ou 35% dos rendimentos?
E portanto, lá no fundo, havia sempre uma inquietação que nos perguntava:
“Mas até quando é que o trabalho vai ser o cerne das nossas vidas?”
“Até quando é que vamos ter energia para trabalhar a este ritmo?”
“Quando é que vamos poder fazer as coisas que realmente gostamos fora do consultório?”
“Será que vamos ter reforma?”
É aqui que entra o FIRE para nos dar algumas respostas e alguma esperança!
Saber que é possível gerir as nossas finanças e investir ao ponto de conseguirmos extrair um rendimento que nos cobre parte ou a totalidade das despesas mudou o jogo todo! Há toda uma mudança de mentalidade em relação a tudo, até na forma como trabalhamos!
Não é que tenhamos diminuído realmente a nossa carga horária, mas o trabalho é feito com outro ânimo porque há um objetivo maior – as nossas liberdades: financeira, de tempo e de escolha!
Saber que em breve teremos a liberdade de dizer basta e fazer apenas aquilo que é suficiente para nos sentirmos realizados e podermos aproveitar as outras esferas da nossa vida para além da laboral, é o que nos move.
Há que traçar o plano e AGIR.