Agora que já sabemos o que são ETFs e quais as principais características a ter em conta quando os analisamos, nada melhor do que fazer uma escolha na prática.
Optamos por exemplificar aqui a compra do nosso primeiro ETF.
Vale a pena relembrar que toda a audácia e pesquisa para este primeiro ETF foi da mulher cá de casa, numa altura em que teve zero apoio do homem cá de casa, que ainda era muito céptico em relação a todo este mundo maravilhoso e super interessante.
Isto é muito relevante e ela merece todo o agradecimento possível! E é a prova de que quando saímos da nossa zona de conforto acontecem coisas muito boas – temos aprendido cada vez mais isto.
Então vamos lá?
Conteúdos
TogglePasso 1 – Em que índice quero investir?
Apesar de termos escrito este título, é importante relembrar que não podemos investir num índice de mercado! Os índices são “rankings” e portanto não é possível investir neles. É possível, sim, investir num ETF que possui as ações que estão dentro daquele ranking. Portanto, “investir no índice” é uma maneira de falar. Adiante.
Após alguma pesquisa, e sabendo que Economia não é, de todo, a nossa praia, era óbvio que os os nossos investimentos teriam de ser através de ETFs generalistas. Ou de economia mundial ou de economia dos EUA, visto que as maiores empresas cotadas na bolsa pertencem àquele país. Também nos apercebemos que as empresas tecnológicas dominavam.
No site JustETF têm muita informação sobre índices de mercado, quais existem, explicação sobre cada um deles e exemplos de ETFs disponíveis para cada índice.
A decisão inicial foi então um índice que replicasse o mercado tecnológico dos EUA.
Passo 2 – Mergulhar no JustETF.com
À primeira vista pode ser um site confuso porque tudo é novo para nós.
Mas eliminando o ruído de fundo torna-se tudo mais fácil e o que nós queremos agora é perceber que ETFs existem para o mercado dos EUA e, especificamente, de empresas tecnológicas.
Para que a pesquisa seja o mais próxima da nossa realidade, nós costumamos selecionar em cima, no país, a Espanha (na página inicial do site).
Depois é entrar em “ETF screener” e clicar no botão “Search ETFs, como aqui na imagem.
Aqui faremos tudo à base de filtragens.
No separador Equity (que é aquele que vos vai mostrar ETFs de ações e não de obrigações, imobiliário, matérias-primas….) fomos escolher United States (no país) e Technology (no sector) – não escolhemos nada nos outros separadores.
Isso já torna visível apenas 25 ETFs (num total de 2447 disponíveis inicialmente). Já é um bom número, não?
Mas vamos continuar a filtrar porque analisar 25 ETFs ainda dá muito trabalho 😅
- No separador Age, escolhemos “Older than 3 years“, porque queríamos um ETF existente no mercado há, pelo menos, 3 anos;
- No separador Use of Profit escolhemos “Accumulating” porque queríamos um ETF com política de dividendos acumulativa;
- No separador Fund Size escolhemos “Larger 100m€” porque queremos este volume, no mínimo;
- No separador Replication Method escolhemos “Full Replication” porque queremos ETF com replicação física do índice;
- No separador Currency Hedge escolhemos “Unhedged” porque não queremos proteção cambial – decisão pessoal (e também porque esta proteção vai elevar os custos do ETF, muito provavelmente).
E com isto chegamos a uns simpáticos e singelos 5 ETFs 😁
Como já temos relativamente poucos entre mãos, é razoável irmos já à nossa corretora (no nosso caso, a DEGIRO) e ver quais estão disponíveis. Se alguns não estiverem disponíveis no portfolio da DEGIRO, então já serão automaticamente eliminados e não precisamos de pensar mais nesses.
Como fazemos isso? Entramos no perfil de cada ETF e vemos qual é o ISIN (que é tipo número de passaporte do ETF, único e exclusivo) ou o Ticker (abreviatura) e inserimos um deles na pesquisa da corretora. Se não aparecer nada então é porque a corretora não transacciona esse ETF – se for o caso de o querermos muito é uma questão de verificar numa outra corretora.
Com isto, conseguimos filtrar mais um pouco e ficam apenas 3! Os dois primeiros não existem na DEGIRO.
Seleccionamos os 3 e depois carregamos na bandeja em cima para escolhermos a opção “Compare selection in detail“
Assim, surge-nos uma visão comparativa muito catita que permite comparar os pontos de cada ETF de uma forma muito rápida!
Antes de avançarmos é importante fazermos uma ressalva em relação ao nome do ETF:
- O que aparece primeiro é a empresa gestora ou fornecedora do ETF. Nos nossos 3 ETF seleccionados temos a iShares a gerir os dois primeiros e a Invesco a gerir o terceiro.
- A segunda parte do nome refere-se ao índice que o ETF replica. O primeiro replica o S&P 500 Information Technology Sector e o segundo e terceiro replicam o Nasdaq 100.
- A terceira parte corresponde a informação regulamentar – neste caso convém sempre adquirir ETF que têm especificamente a indicação UCITS pois assim garantimos que esse produto segue normas europeias que protegem os investidores privados, como nós.
- No final podemos ter informação sobre a moeda e sobre o tipo de ETF – Acc (acumulativo) ou Dist (distributivo) – esta última parte do nome nem sempre aparece.
Então, voltando aos 3 ETFs que nos sobraram para analisar, à primeira vista temos diferenças significativas no preço de compra do ETF, que vai desde 20€ a 800€/unidade.
Em relação à data de criação do ETF também temos algumas diferenças (ainda que pouco relevantes visto que o mais novo já tem praticamente 5 anos) .
Na TER também algumas diferenças, em que temos um deles com custos muito mais baixos – com TER de 0,15% – relativamente aos dois dois com TER > 0,30%.
A partir daqui a escolha vai recair naquele ETF que satisfaz as vontades de cada investidor:
- Escolher um que tem unidades mais caras e também TER mais elevada e que segue o índice Nasdaq 100?
- Escolher um com unidades bem mais acessíveis e com TER também ela mais favorável e que segue o índice S&P 500 Tech?
Visto que era a nossa primeira compra, optámos por avançar para o ETF iShares S&P 500 Information Technology Sector UCITS ETF USD (Acc), que está disponível na DEGIRO com o ticker QVDE, bem mais barato e com taxas de gestão também muito mais acessíveis.
Penso que não precisamos de reforçar que NÃO FAZEMOS ACONSELHAMENTO FINANCEIRO e que apenas estamos a transmitir a nossa visão prática em relação à compra de um ETF (para nós, para os nossos objetivos) e a partilhar a nossa experiência.
O dinheiro investido é da responsabilidade de cada pessoa.
E agora vamos à última parte: Como comprar na prática um ETF!
Mas é obvio que isso fica para um próximo artigo porque este já vai longo 😜
Não sei desde quando teem este blog, mas……. Porque é que eu não vos encontrei mais cedo?!?!?! Que delícia ler-vos ! A vossa linguagem é tão simples, directa e pedagógica ! MUITO OBRIGADA!
PS: tenho a certeza que tb são fantásticos médicos
Olá Paula! Muito obrigado nós pelo comentário! Ficamos muito contentes e sem duvida que este feedback nos faz manter o interesse em continuar a escrever!
Também tentamos ser bons médicos, sim :p
Esperemos que te mantenhas por aqui! Bons investimentos.