Este ano sentimos sérias dificuldades em escolher um destino. Estávamos com preguiça de estudar um sítio novo e até tivemos uma reserva cativa durante alguns meses numa qualquer quinta no Douro vinhateiro – sabíamos ser uma aposta segura apesar de nunca lá termos estado.
Estávamo-nos a tentar convencer a nós próprios que aquela tinha sido a escolha acertada para o destino deste ano mas o nosso âmago não nos deixou ficar por terras lusas e recebemos um sinal de que Itália seria!
Queríamos muito um sítio que nos deixasse fazer praia (pré-requisito para as férias de verão porque só assim sentimos que descansamos verdadeiramente) e ao mesmo tempo que nos desse espaço para experiência citadina/gastronómica como bem gostamos.
A Riviera Italiana parecia reunir estes requisitos e finalmente avançámos: cancelámos a reserva do Douro e Génova aqui vamos nós!
O que decidimos foi ficar 7 noites em Génova e 3 noites em Milão (visto que é daqui que depois regressamos a Portugal, aproveitamos para já conhecer melhor a cidade em vez de fazermos correria só para apanhar o avião).
Só para uma contextualização rápida: Génova é a capital da região da Ligúria (noroeste de Itália), que alberga uma costa muito extensa onde temos ao nosso dispor muita natureza, trilhos, praias mediterrâneas, vilas piscatórias pitorescas e onde se come muito, muito bem.
A ideia geral seria ficar sempre a dormir em Génova e depois ir visitando os vários sítios de comboio – têm uma rede ferroviária muito boa e com preços acessíveis. A plataforma digital deles (Trenitalia) funciona muito bem e comprámos quase sempre os bilhetes pelo telemóvel no próprio dia.
Vamos lá detalhar o que fizemos com roteiro e preços (estes são sempre referentes a duas pessoas)
Gostávamos só de salientar que todas as nossas compras foram feitas com o Cartão Plutus que falamos muitas vezes na nossa página e correu tudo 5 estrelas. Assim arrecadamos 3% de TODAS as despesas que fizemos durante as nossas férias! Se ainda não tens este cartão absolutamente obrigatório tens aqui o link para aderires e com bónus de adesão geralmente de 10$, apesar de à data deste post estar com bónus duplo – 20$. Link de adesão aqui.
Conteúdos
ToggleViagem Portugal – Itália
A viagem que encontramos com preços mais acessíveis e nos horários/dias que preferíamos foi na Ryanair através de Milão (Aeroporto de Bergamo) e custou 583,96€.
O aeroporto de Bergamo é algo periférico e para alcançarmos a estação de comboios (Milano Centrale) tivemos de apanhar um shuttle que reservámos previamente e que funcionou 5 estrelas. Adquirimos o bilhete on-line na Terravision e tinham uma condição muito boa que era: apesar de termos de selecionar a hora do shuttle que queríamos, podíamos apanhar outro em qualquer outro horário caso o nosso voo atrasasse. Também tinham promoção e se comprássemos o bilhete de ida e volta no mesmo momento faziam desconto. Ficou a 36€ ida e volta (vs. 40€ sem promoção). A duração da viagem foi de aproximadamente 1 hora.
Já na estação de Milano Centrale adquirimos o bilhete para Génova por 26,90€ – duração aproximada de 1:40h (Génova tem várias estações de comboio mas a “nossa” era Genova Piazza Principe porque estava a 3 minutos a pé do nosso alojamento).
(aqui houve pequena asneira e compramos sem querer uma viagem que implicava troca de comboio a meio caminho o que tornou a viagem mais demorada, mas o preço foi o mesmo 😅).
O nosso alojamento em Génova estava situado na Via Balbi e, como já dissemos, ficava a 3 minutos a pé da estação. Como praticamente toda a deslocação das férias foi feita de comboio, a boa localização do alojamento em relação à estação era fundamental!
Selecionámos um apartamento porque achamos muito mais prático do que hotel para viagens grandes e ficou por 844€ para as 7 noites. A Via Balbi foi óptima porque, para além da proximidade à estação, permitiu-nos movimentar por Génova e conhecer o centro histórico sempre a pé.
Vamos ao itinerário?
DIA 1 – Reconhecimento do Perímetro
O dia 1 é sempre aquele dia mais cansativo de viagem. Chegamos ao apartamento já pelas 17h e portanto o dia serviu apenas para fazer o reconhecimento das áreas circundantes, espreitar o centro da cidade e abastecer o apartamento com os básicos após ida ao supermercado.
Óbvio que não nos controlámos e comemos logo ali a nossa primeira focaccia que é um pão achatado, macio e temperado com azeite, sal e alecrim 🤤
Melhor spot para comprar focaccia de vários tipos e fatias de pizza suculentas? É aqui –> Focacceria Focaccia e Dintorni.
Melhor spot para saboreá-la? Na escadaria da imponente Cattedrale di San Lorenzo (fica a 3 passos da focacceria).
DIA 2 – CAMOGLI E BOCADASSE
Como primeiro dia completo das férias, era preciso recarregar baterias e um dia de praia era obrigatório!
O destino escolhido foi Camogli.
A viagem de comboio a partir de Génova (estação Piazza Principe) custou 8,60€ (para 2 pessoas, não esquecer) e demorou 40 minutos. Uma das vantagens de comprar os bilhetes na bilheteira on-line é que não precisamos de validá-los antes de entrar no comboio – fica no e-mail e é só apresentar ao revisor caso seja solicitado durante a viagem.
Camogli foi um dos tesourinhos da nossa viagem. É uma vila pitoresca facilmente acessível da estação de comboios (3 a 4 minutos a pé) e de repente parece que entramos num cenário de um filme – caminhos estreitos entre altas fachadas coloridas em tons terrosos, basílicos em vasos plantado às janelas a emanar o seu odor tão típico acompanhado do cheiro a pescado e maresia.
A praia é acompanhada em toda a extensão de uma promenade com várias lojas e negócios locais, esplanadas e restauração e um ambiente muito descontraído. Uma das coisas que notámos foi que era frequentado sobretudo por italianos, o que retira aquela mancha negra de turismo desenfreado – até quando não sabemos, por isso o ideal é aproveitá-la já – mas não vão todos ao mesmo tempo, ok? 😅
Nesse dia escolhemos este destino como o nosso spot para a reforma 🥰
Grande parte da extensão da praia está concessionada a clubes mas conseguimos sempre vários espaços de acesso livre para estendermos a nossa toalha – aqui a prioridade foi escolher um spot ao pé de duche (que, já agora, custa 50 cêntimos alguns minutos de água e que dá perfeitamente para 2 a 3 pessoas utilizarem).
Neste dia aproveitamos a praia durante algumas horas e fomos terminar o dia a Boccadasse. Para isso fomos de Camogli a Génova-Sturla (viagem de meia hora e que custou 6,60€). Da estação de Génova-Sturla até Boccadasse são 15 minutos a pé e o destino vale mesmo muito a pena.
Boccadasse é uma aldeia de pescadores com um pequeno porto e praia super acolhedora rodeada de pequenas casas coloridas, bons sítios para petiscos e bebidas. Uma ótima sugestão para relaxar no final de dia e onde se junta muita gente para conviver. Há quem traga os seus comes e bebes ou quem compre lá mesmo. A experiência mais autêntica é acomodar-se nos seixos da praia ou nos quebra-mares ali próximos e apenas ficar. Tivemos a sorte de ter a companhia de um artista de rua que cantava e tocava guitarra tirando partido da acústica do local e que tornou tudo ainda mais mágico.
Para regressar há 2 hipóteses: ou voltar à estação de Génova-Sturla ou então percorrer uma promenade que liga Boccadasse a Génova num percurso agradável junto ao mar com cerca de 2,2 km (no final da promenade percorremos mais 1,2 km e chegamos à estação de Genova-Brignole).
DIA 3 – GÉNOVA
Neste dia o plano foi ficar por Génova e não andar de comboio.
É uma cidade portuária das mais antigas de Itália (com um dos portos mais importantes do país) e com grande relação com mar. Parte da cidade (mais junto ao mar) é caracterizada por ruas muito estreitas e decadentes mas muito interessantes de serem visitadas e exploradas. Existe imenso comércio local, um grande centro histórico que nos surpreende ao virar da esquina com enormes catedrais e edifícios neoclássicos.
Não vamos detalhar os pontos turísticos mais famosos porque isso encontram em qualquer sítio e não é o âmbito deste artigo. Mas é uma cidade que vale muito a pena visitar. A vertente gastronómica é um dos pontos fortes porque existem algumas iguarias muito típicas e tradicionais como a foccaccia e o pesto genovês. Os preços ainda são muito acessíveis visto que o turismo ainda não lá chegou em massa.
Preparem os pés e os ténis porque andamos imenso.
Terminamos neste dia a jantar num sítio com boa comida sugerido por um seguidor e que valeu bem a pena – Cavour modo21.
DIA 4 – CINQUE TERRE (Vernazza e Monterosso)
Um dos pontos mais conhecidos da região da Ligúria, é, sem dúvida, as Cinque Terre (cinco terras). São 5 vilas centenárias dispostas ao longo da riviera italiana e implantadas nas falésias íngremes que caracterizam esta costa. Atualmente são consideradas Património Mundial da UNESCO.
Toda a informação sobre as Cinque Terre pode ser encontrada no site oficial.
As cinco terras estão ligadas entre si por linha ferroviária e também por trilhos pedestres. A melhor maneira de conhecê-las é um misto entre ligação de comboio e trilho. Existem passes específicos para quem quer apenas fazer trilhos ou para quem quer fazer trilhos e deslocar-se de comboio e que podem ficar mais económicos do que comprar individualmente as viagens ou os bilhetes para os trilhos. Está tudo naquele site (separador Cinque Terre Card).
No nosso caso, apesar de serem 5 vilas, optámos por visitar apenas 2 delas: Vernazza e Monterosso.
O nosso roteiro deste dia foi:
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- Viagem Génova-Vernazza de comboio por 30€ (implica uma mudança de comboio e durou ao todo 1:30h);
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- Visita tranquila por Vernazza com direito a foccaccia novamente (é possível fazer praia em todas – ou quase todas – as vilas, por isso levar fato de banho e toalha pode dar jeito caso o calor aperte – e apertou).
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- De Vernazza fizemos o trilho pedestre até Monterosso (caminhada de dificuldade média-alta porque envolve alguns declives e degraus muito irregulares). O bilhete para a caminhada custou 7,5€ por pessoa e a duração a um passo normal-rápido foi de 1h e meia – o trilho tem 3.6 km de extensão. No nosso caso não compensava fazer o tal Cinque Terre Card, mas quem pretende visitar todas as vilas provavelmente compensará. Na nossa visão, para visitar as 5 seriam necessários, pelo menos, 2 dias dedicados às Cinque Terre.
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- Ao chegar a Monterosso, depois da caminhada, a única coisa que apetece fazer é refrescar-se no mar e foi o que fizemos. Depois do mergulho aproveitamos para explorar a vila e toda a sua envolvência.
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- Tanto Vernazza como Monterosso são vilas muito catitas com pequenas ruelas que se interlaçam com casinhas muito coloridas. Há muito comércio local, artesanato, gelatarias, pizzarias e afins. O ambiente é muito acolhedor apesar de haver uma grande diferença em termos de turismo vs. Génova e Camogli – aqui há turismo real e em grande quantidade, mas é possível abstrair-se e aproveitar a essência dos locais.
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- A partir de Monterosso partimos em direção a Génova de comboio e a viagem custou 22€.
DIAS 5 E 6 – CAMOGLI E BOCCADASSE
Os dois dias seguintes foram basicamente iguais ao dia 2 porque gostamos verdadeiramente do ambiente de Camogli para passar o dia e de Boccadasse para um final de tarde tranquilo e num ambiente bem animado e descontraído.
Há alguma variedade de sítios para comer e beber mas temos de salientar a pizzaria Antico Borgo onde fomos por duas vezes buscar pizzas e saboreá-las sentados nos quebramares junto à praia de Boccadasse (óptimas e baratas). Também foi em Boccadasse que pagámos 12€ por duas cervejas 🤡- primeiras e últimas 😂
DIA 7 – PORTOFINO E SANTA MARGUERITA
Não há como ir à Liguria e não dar um saltinho a Portofino! Trata-se da vila mais elegante e charmosa de toda a riviera italiana onde sentimos o luxo a emanar por todos os lados. Em termos gerais é em tudo semelhante às restantes vilas que visitámos ou seja, casinhas coloridas, pequeno porto, ruas estreitas, negócios e esplanadas e o contraste verde natureza a envolver todo o cenário associado às águas azuis turquesa muito característica deste mar.
Então como é que chegamos lá?
Viagem de comboio de Génova Piazza Principe até Santa Margherita Ligure-Portofino. É uma viagem que demora 50 minutos e custou cerca de 8€ para os dois. Apesar da estação se chamar Santa Margherita Ligure-Portofino, na verdade para alcançarmos Portofino temos de ir de autocarro (15 minutos) ou a pé fazendo uma caminhada de 1 hora.
Nós fomos de autocarro que se pode apanhar logo ao sair da estação. É uma linha especial que está sempre a passar de 15 em 15 minutos. Os bilhetes podem ser adquiridos nas bilheteiras ou então instalando a aplicação AMT Genova e comprar diretamente online. Aqui achámos o bilhete caro porque cobram 3,5€ por pessoa. Portanto só com este autocarro foram 14€ ida e volta para os dois. O caminho de autocarro até Portofino é muito interessante porque fomos apreciando a paisagem e descobrindo várias praias muito apetecíveis com água calma, límpida e azul e já começamos a fazer planos!
Em Portofino é explorar. Andar pelas ruas, visitar catedrais e capelas muito giras e com boas vistas panorâmicas, ver as últimas novidades de moda de várias marcas de luxo.
Acabámos por almoçar por lá, na Trattoria Concordia, uma deliciosa pasta con gamberi – recomendamos!
Após termos dado Portofino por terminado voltamos de autocarro mas optámos por fazer praia e portanto saímos numa paragem a meio caminho e aproveitámos o resto da tarde na Praia de Minaglia – apesar de ser concessionada podíamos estar lá livremente mesmo se não quiséssemos alugar espreguiçadeiras – inclusivamente utilizamos as casas de banho e duches disponíveis sem problemas.
O caminho de volta para a estação foi feito a pé porque aproveitamos para conhecer Santa Marguerita e toda a sua envolvência. Muito comércio e ambiente descontraído como se quer num destino de praia.
Comboio de volta até Génova.
Como hoje era um dia especial para nós, tivemos também uma refeição especial com um menu de degustação de 8 momentos na Hostaria Ducale recomendada pelo Guia Michelin. Ambiente super tranquilo, mesas na rua acolhedoras e pessoal muito prestável. Recomendamos também para uma ocasião especial! Este jantar fez disparar as despesas em alimentação, mas ia acontecer aqui ou em Portugal de qualquer maneira.
DIAS 8, 9 E 10 – MILÃO
Os restantes dias foram passados em Milão e não vamos entrar em muitos pormenores por ser uma cidade com diversos pontos turísticos que se encontram facilmente por todo o lado. Explorámos tudo.
Ficámos alojados no Corso Buenos Aires e achamos que foi uma boa localização. Ficámos num hotel e as 3 noites custaram 510€. Achámos caro mas em Milão foi o melhor rácio qualidade-preço que se arranjou.
Chegámos à capital financeira de Itália via comboio, claro. Tal como vinda, o regresso custou 26,90€ para 1:40h de viagem.
Em Milão, temos de aconselhar uma tour que fizemos. Costumamos procurar em todos os destinos assim mais citadinos as Tour Grátis que não têm nenhum preço fixo e funcionam por gorjeta no final do percurso. Temos sempre óptimas experiências e esta não foi diferente.
O historiador Miguel conseguiu transportar-nos ao século XIV e envolveu-nos verdadeiramente nas peripécias da cidade e da história de Leonardo da Vinci que é sempre um tema místico. A tour foi reservada online neste site.
Aconselhamos fazer a tour logo no primeiro dia da estadia porque assim conseguem voltar a alguns sítios e também visitar outros que são sugeridos pelo guia, incluindo onde comer bem.
Vamos só deixar aqui as nossas recomendações gastronómicas porque já sabem que somos verdadeiros garfos:
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- Panificio Luini para o melhor panzerotto de sempre junto à Galeria Vittorio Emanuele II – pitéu de massa frita com recheios doces ou salgados. Dá para um almoço rápido ou lanche e só tivemos pena de termos tido tempo para saborear apenas uma única vez 😭 – cuidado que está sempre muito quente e o recheio pode pingar 😂 Há sempre fila mas é super rápida por isso não desistam porque vale a pena!
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- Osteria Brunello para uma especialidade milanesa que é a costeleta panada – muito boa neste sítio que fica numa zona muito movimentada e animada de Milão (zona de Brera).
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- Pizzaria Berberè – excelentes pizzas feitas com massa mãe em que podem escolher o tipo de cereal da massa e com ingredientes super frescos e biológicos – óptimos preços para a qualidade excepcional da pizza! Fica na zona da Navigli que é onde estão uns canais de água que foram outrora utilizados para o transporte de mercadorias via marítima para Milão. Inclusivamente o mármore utilizado para revestir o Duomo também veio por aqui!
MAS ENTÃO QUANTO É QUE ISTO TUDO CUSTOU? – RESUMO DAS DESPESAS
CATEGORIA | VALOR GASTO |
Transporte Aéreo | 584€ |
Transportes Terrestres (comboios, autocarros, metros) | 250€ |
Alojamento 10 noites | 1354€ |
Alimentação | 830€ |
Outras despesas (compras e entretenimento) | 110€ |
TOTAL | 3128€ |
Não foram as férias mais económicas de sempre mas estamos a falar de 10 noites e também temos notado um grande aumento de preços dos alojamentos em relação a anos anteriores.
Como já reforçámos algumas vezes, apesar do nosso objetivo a médio prazo ser atingir o FIRE, o percurso que fizermos até lá vai sempre incluir gastos que, para nós, estão mais do que justificados e estão alinhados com aquilo que valorizamos. Para além disso, nos nossos cálculos de valor poupado e alocado ao FIRE, os gastos em viagens estão já tidos em consideração.
Esperemos que esta viagem vos desperte o interesse para conhecer os destinos que visitámos e que aproveitem tanto quanto nós 🤩
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